Todos
os dias eu vejo alguém dizendo que o problema do Brasil são os brasileiros, ou
que o mundo está mal frequentado. Mas, me corrija se eu estiver errada, você e
eu não somos também brasileiros? E afinal, não frequentamos o mesmo mundo?
O
brasileiro é sempre o outro.
Costumamos
nos desassociar, nos sentimos muito diferentes de tudo isso que ai está.
Criticamos a corrupção, os mensalões e os Cachoeiras, mas pagamos para passar
na prova do DETRAN.
Hoje
eu colo numa prova, amanhã sou eleita a um cargo público e desvio uma
verbazinha, mas veja só, é apenas um desvio pequeno, um pecadilho diante dos
grandes superfaturamentos. Por que eu não posso fazer se todo mundo faz, e faz
até pior?
O “jeitinho”
brasileiro só é ruim quando não me favorece, quando o outro toma vantagem na
fila eu critico, brigo, clamo pelos meus direitos. Agora se eu ganho vantagem,
nem lembro o que são deveres. Eu sou malandro e você é mané.
Cidadania?
Claro que é importante, mas quando?
Temos
olhos de lince pro que há de errado fora, mas temos um ponto cego pro que há de
errado dentro. Costumamos construir uma imagem de nós mesmos com a qual
possamos conviver, e quem sabe até admirar. Não é consciente, mas é
conveniente.
Se
conseguíssemos por um momento sair de nós mesmos e nos olhar de fora,
perceberíamos que muitas vezes estamos fazendo exatamente aquilo que condenamos
–corretamente – nas atitudes dos outros.
O
amadurecimento pode estar na autoavaliação a partir de um ponto neutro.
Nem
eu, nem você, e nem ninguém é nem um pouco diferente de tudo isso que chamamos
de sociedade, tudo isso que aí está.
E eu continuo acompanhando.
ResponderExcluirCheers!