sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Final feliz

Ela se prepara, o coração dispara, e desce os degraus da escada rolante como quem engana o tempo, apressa o que tem hora pra acontecer.
Quando o vê pelos vidros da estação o tempo para, o coração e os pés desaceleram, o movimento está no estômago, nas borboletas.

Estamos numa quinta-feira, são 4 da tarde, o sol do outono ilumina a estação, e as pessoas passam apressadas pelo caminho.

Os olhos se cruzam de longe e eles se reconhecem. Como que por instinto, eles param, distantes, se olhando e sorrindo.
Ela sussurra de longe “segura”, ele entende (sabe-se lá como) e abre os braços e o sorriso.
No meio da estação ela corre, ali, no meio de desconhecidos apressados ela vai em disparada, pula nos braços dele, que a segura forte e pede seu beijo.

Saem os dois de mãos dadas, subindo pelas escadas...

Se você visse essa cena talvez não acreditasse, mas essas duas pessoas estavam se vendo pela primeira vez. Ao menos nessa vida.

Foi assim que o conheci.
Sei lá o que me deu, senti uma imensa vontade de estar nos braços daquele moço o resto da vida.

*****

A história começa dois dias antes.

Tínhamos um amigo em comum, e esse foi o estopim para o descobrimento do universo do outro.
Lembro até hoje que ele me perguntou o dia do meu aniversário e eu o convidei para a comemoração. A resposta foi tão segura que chegou a me assustar: “Claro que eu vou, serei seu acompanhante.”

Recusei o convite dele pra sair e ele passou 6 horas e 37 minutos ao telefone para me convencer a ir. Aprendi a não argumentar com ele se não tiver motivos incontestáveis. Ele sempre me convence.
Pois bem, me vesti de coragem e lá fui eu encontrar aquele homem que não aceitava um não.

Depois da cena na estação, chegamos ao bar, e de tudo que eu podia me lembrar o que mais me marcou foi o sorriso encabulado dele quando eu o elogiava.
Eu elogiava, ele sorria, eu derretia. (Hoje quando ele sorri assim doce, eu imagino meus filhos iguais a ele e morro de amor.)

Ao fim daquele encontro nós estávamos falando bobeira, ele fazendo massagem nos meus pés, e brincando de cócegas. Nós sabíamos que ali tinha alguma coisa muito maior do que já tínhamos vivido, mas não sabíamos o que fazer com aquilo além de sorrir.
A hora já tinha passado, e eu precisava ir. Descemos do carro, ele me deu um beijo na testa e no abraço apertado ele me pede: “Não vai embora não. Por favor, não some.”

Fiquei.
E desde esse dia, não me lembro mais de estar sozinha.

Estivemos juntos depois passando por muito mais do que imaginaríamos. O aniversário, ele realmente foi de acompanhante. A queda de moto, o meu pavor, o desespero. A recuperação, cuidar das feridas. A mudança de cidade, ele largou tudo e me seguiu pra onde eu fui. Adaptação, readaptação. Casa nova, vida nova, emprego novo.

7 meses depois ele me pediu em casamento. Um dia ensolarado, no meio do mar de Paraty, só nós dois numa escuna, ele pegou a caixinha e me fez chorar igual criança. Mais um dia perfeito, mais um gesto inesquecível, mais uma vez me apaixonei.

Brigamos, brigamos muito, brigamos entre a gente, brigamos com os outros, brigamos com a vida pra fazer tudo isso dar certo.

E com a ajuda das melhores pessoas das nossas vidas estamos conseguindo.

Esse é o começo do meu final feliz dividido com o melhor homem do mundo...