quinta-feira, 11 de julho de 2013

Relações:

sf. convivência, frequência social entre pessoas.”

E não é que o tal de Mark conseguiu modificar a maneira como toda uma geração compreende uma palavra.
Talvez seja a tradução, ou quem sabe a culpa seja dos gráficos, mas essa coisa de “em um relacionamento sério” está muito mal colocada. Esse fragmento da expressão relacionamento amoroso sempre me incomodou por não dar significado real, e tornar a frase muito genérica.
Nem todo relacionamento é amoroso, e nem tudo que é amoroso pode ser classificado como relacionamento, ou então como sério.

Ter os nossos círculos de convivência faz parte da condição humana, e essa analogia é importantíssima em todo grupo. Identificação e afinidades formam os nossos grupos, e por assim, os relacionamentos.
Você se relaciona com a sua família, com seus colegas de trabalho, se relaciona no bar, e não me leve a mal, mas você também se relaciona com o seu porteiro. Obviamente você não coloca em seu perfil “em um relacionamento sério com Chico da portaria” mas veja bem, o cara protege a sua casa e tem as chaves do seu apartamento, vai dizer que isso não é sério.

Entendemos então que relacionamento é convivência, e que isso não está necessariamente ligado á sentimentalismo ou romance.

Desde muito antes do Poetinha cantar que “fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho.” estamos á procura do nosso fundamental, e é aí que entra o famigerado relacionamento amoroso.

Chegamos as redes sociais, e desde que pudemos observar de perto a vida dos outros decidimos cagar regras de comportamento que muitas vezes nem nós mesmos concordamos ou seguimos.

Ninguém sabe (ao menos não deveria) o que está compreendido entre um casal. A intimidade deveria, em teoria, ser o bem mais valioso de uma relação. Preservar esse âmago fortifica a confiança e a cumplicidade, e cá entre nós, deixa tudo mais gostoso. O problema é que para alguns de nós é muito mais importante parecer ser feliz, de que sê-lo de verdade, e isso fere a cumplicidade de um casal quando ela é anunciada nas redes sociais para gente que não tem absolutamente nada a ver com o seu amorzinho.

Não sou a favor da regulamentação das relações, e nem dessa coisa de se estabelecer como, quando, onde, e pra quem algo possa ser feito ou falado. E cá entre nós, aviso prévio de namoro deve ser um porre. Entretanto, tenho as minhas preferências pessoais, que eu procuro aplicar a mim e a quem deseja seguir comigo.

Respeito, ta aí! Se eu pudesse aplicar uma emenda na ‘regulamentação das relações’ eu colocaria o respeito acima de tudo. Vem de caráter e é difícil encontrar em todo mundo, mas acho uma qualidade fundamental em qualquer tipo de relacionamento, com o Chico porteiro inclusive.

Até pela definição da palavra relacionamento não acredito em relações á distância. Convivência e frequência social também fortalecem a intimidade, e é extremamente importante conhecer bem a pessoa com quem se quer dividir algo.  
Quando envolvidos queremos conhecer a pessoa que nos encantou, e é natural que as pessoas queiram mostrar apenas o melhor de si. É necessária a convivência, é importante conhecer a pessoa em todas as suas nuances. E é justamente o lado ruim que torna tudo real e forte o suficiente pra seguir.

Conte tudo o que há no mundo a se saber sobre você, e deixe que a sorte determine o resto.

Eu pessoalmente não consigo entender os benefícios de se fazer declarações públicas em redes sociais, bradar amores e paixões aos olhos dos outros, se quando a sós são como estranhos, são desconexos e o ritmo não encaixa. Cada um sabe o que lhe cai melhor.

Não devemos e nem podemos impor nossas preferências aos outros.

Eu, por exemplo, sou uma pessoa apaixonada. Chego a essa conclusão quase todos os dias, especialmente naqueles em que a gente sente que ganhou o dia por conhecer alguém.

Nunca soube dizer quantos relacionamentos eu tive, nunca entendi o que determina isso.

Já amei e abandonei, já fui amada e preferi não acreditar. Já dividi vida, medos, sucessos e fracassos e nem por isso posso dizer que foram todos relacionamentos, ou posso. Prefiro chamá-los de cúmplices, parceiros, amores.

Gosto muito de receber um “eu te amo” ao pé do ouvido, mesmo que seja apenas uma maquiagem para o “eu te quero”.
Tenho um relacionamento que acontece todos as madrugadas com cobertura de cumplicidade e romantismo, e a cereja meus caros, só podia ser a luxúria.
Tenho também um daqueles relacionamentos complicados onde tem amor, mas tem também briga, reconciliação. É meu melhor amigo, mas é necessário às vezes o afastamento para esfriar o sangue e então ser possível ouvir os sentimentos.
Tenho um relacionamento platônico, onde eu amo ser o que ele quer. Onde uma única pessoa consegue reunir tudo que eu admiro em seres humanos, e especialmente em um homem. Vai dizer que não é bom gostar assim, com tudo, corpo, mente e alma?



No momento eu me encontro num relacionamento muito enrolado, e nada sério com a vida.