sábado, 20 de abril de 2013

Os outros

Para nós, o problema são os outros.

Todos os dias eu vejo alguém dizendo que o problema do Brasil são os brasileiros, ou que o mundo está mal frequentado. Mas, me corrija se eu estiver errada, você e eu não somos também brasileiros? E afinal, não frequentamos o mesmo mundo?

O brasileiro é sempre o outro.

Costumamos nos desassociar, nos sentimos muito diferentes de tudo isso que ai está. Criticamos a corrupção, os mensalões e os Cachoeiras, mas pagamos para passar na prova do DETRAN.
Hoje eu colo numa prova, amanhã sou eleita a um cargo público e desvio uma verbazinha, mas veja só, é apenas um desvio pequeno, um pecadilho diante dos grandes superfaturamentos. Por que eu não posso fazer se todo mundo faz, e faz até pior?

O “jeitinho” brasileiro só é ruim quando não me favorece, quando o outro toma vantagem na fila eu critico, brigo, clamo pelos meus direitos. Agora se eu ganho vantagem, nem lembro o que são deveres. Eu sou malandro e você é mané.

Cidadania? Claro que é importante, mas quando?

Temos olhos de lince pro que há de errado fora, mas temos um ponto cego pro que há de errado dentro. Costumamos construir uma imagem de nós mesmos com a qual possamos conviver, e quem sabe até admirar. Não é consciente, mas é conveniente.

Se conseguíssemos por um momento sair de nós mesmos e nos olhar de fora, perceberíamos que muitas vezes estamos fazendo exatamente aquilo que condenamos –corretamente – nas atitudes dos outros.

O amadurecimento pode estar na autoavaliação a partir de um ponto neutro.

Nem eu, nem você, e nem ninguém é nem um pouco diferente de tudo isso que chamamos de sociedade, tudo isso que aí está.

Aliás, eu não, eu sou escandinava.